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SER EM CENA - TEATRO DE AFÁSICOS

Eu sabia que ia dar certo. Tínhamos acabado de participar do Congresso da IALP, em Montreal, e onde, entre outros eventos, havíamos assistido ao espetáculo denominado “Le Théatre Aphasique.” Comentei largamente a emoção de assistir a peça montada exclusivamente com pessoas afásicas, sob a orientação de uma fonoaudióloga que também é atriz, e encerrei o depoimento lançando a pergunta: Alguém se habilita a montar um grupo de teatro para afásicos?

A idéia não me saía da cabeça, e miava atrás de minha porta como um gato impaciente. Oh, céus, eu metida em tantos afazeres, como organizar um grupo de teatro, logo eu que não entendo nada de arte dramática, e além do mais, Brasil não é Canadá e São Paulo não é Montreal. Mas o gato não ouvia minhas justificativas, e quando eu dei pela coisa, eu já estava tão comprometida que não dava mais para voltar atrás. Ainda bem.

Alguém já disse (se não disse eu digo agora), que todo fonoaudiólogo tem um pouco de ator, assim como de médico e louco todos temos um pouco. Encontrar as pessoas certas, no tempo certo – tudo conspira quando a vontade é grande é a alma não é pequena. – Por que não? Por que não? me indagavam aqueles aos quais eu repetia, fascinada a experiência de Montreal, a última cena eletrizante ao som de Paroles, paroles, paroles... Falar é fácil, fazer é que são elas. Em se tratando de afásicos, falar não é fácil. Alguém tinha que fazer alguma coisa. Pessoas certas...no lugar certo...Teatro...Afasia...Bingo! Marquei uma reunião para aquela tarde mesmo. Era julho de 2002, e o Beto e o Nicholas estavam disponíveis. Não me deixaram nem pensar mais um pouco. Acabamos a reunião com o pacto selado: acabava de nascer o “Afasia em Cena”.

O Beto é Roberto Mello, fonoaudiólogo e ator, amigo de longa data. 
O Nicholas é Nicholas Wahba, também ator... e ex-afásico. Para quem se recorda do depoimento da edição número 13 (pág. 6) da revista Fono Atual, ele é aquele rapaz sofreu há quase quinze anos um traumatismo craniano com conseqüente afasia, e teve plena recuperação. Ninguém melhor do que ele para saber como sente na pele aquele que, por um motivo ou outro, se vê privado de sua capacidade de expressão. Ninguém melhor do que os dois, com conhecimentos de teatro e de afasia.

Sim, a idéia era fantástica e podia ser posta em prática: uma organização sem fins lucrativos com o objetivo de reintegrar e reabilitar pessoas afásicas por meio da arte dramática. Só faltavam os afásicos...

Não foi tão fácil quanto imaginávamos: nem todos os convidados estavam interessados em participar. Na primeira reunião, apenas um afásico compareceu e confesso que ficamos um pouco decepcionados. Mas tivemos ajuda: a notícia foi se espalhando e aos poucos o grupo foi aumentando. As fonoaudiólogas Karin Zazo Ortiz e Maria Lúcia Gurgel foram as pioneiras em nos indicar pacientes. E assim, em fins de agosto, já tínhamos um grupo razoável e nos reuníamos, na falta de outro local... no meu consultório mesmo.

Hoje, passados muitos anos após nosso início, temos um grupo coeso e animado. Passou a se chamar "Ser em Cena - Teatro de Afásicos" 
Apresentamos de uma peça teatral no final de ano. Nossos ensaios tem sido realizados – pasmem! num palco mesmo, no Teatro Bibi Ferreira. Nossos agradecimentos ao Dr. Sérgio D’Antino, que, ao tomar conhecimento do nosso trabalho, tornou isto possível.

Os colegas que atendem afásicos e quiserem encaminhá-los para este projeto podem entrar em contato comigo. Todos serão muito bem-vindos. Estamos precisando de mais presenças femininas em nosso elenco.

Para maiores informações, visitem o site da Ser em Cena: www.seremcena.org.br

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